Para duas mulheres que eu admiro: minhas amigas Thaís Alves e Caroline Arcari
Há uma convenção social que subentende que classe e elegância são características que caminham junto com certa polidez no vestir, no falar, no modo de agir. Fina seria aquela pessoa que passa sem causar incômodos, aquela com voz suave, aquela que “sabe se comportar”. Que cabe em qualquer lugar.
Em qualquer lugar. “Na rua, na chuva, na fazenda” ou em um auditório lotado. Ela pode estar lá. Quase tão leve quanto uma pluma. Fina. Polida. Sem (in)comodar. Invisível. Previsível. Formal. Adequada. Adaptada. A qualquer lugar.
Pois tô chegando à conclusão de que não me interessa ser essa pessoa, fina. Isto porque bom mesmo é quando a gente pede o outro pra “arredar”, porque não nos cabe em qualquer lugar. A gente fica ali, grudadinho, se ajeitando, se (in)comodando. Relação só se estabelece a partir do incômodo. Do laço que pode virar abraço.
Bom mesmo é quando eu me faço ouvir. Quando a minha voz ecoa. Suave, forte ou feroz. A fita métrica da classe e da formalidade pode ter cara de mordaça. Amordaçada garantem-me adequada. Fina, elegante e sem voz.
Bom mesmo é quando eu coloco o pé no chão. A vontade de sentir o chão é tanta que o sapato faz-se dispensável. Nessa hora, só me calço da minha identidade. É ela que me faz vísivel, me sustenta, me conecta e me torna íntima. Tem coisa com maior capacidade de conexão do que intimidade?
A fineza da conexão. De tocar o mundo do outro. A elegância de ser quem estou sendo. A classe de ser gente. Afinal, é isso que somos, não é mesmo?
Tá aí, então, o que mais me interessa nessa vida: eu prefiro mesmo é a fineza de ser Gente!