A escrita chegou na minha vida de mansinho. Não sei dizer quando comecei a escrever como um exercício de expressão dos meus sentimentos, experiências e reflexões pessoais e profissionais. Fato é que comecei um dia. Sem levar a sério, creio que mais motivada por uma tentativa de me compreender do que por qualquer anseio de que isso se tornasse uma atividade de fato. Lembro dos primeiros textinhos que já nem sei onde estão. Se perderam por aí. Tímidos, miúdos, amedrontados…
Há cerca de três anos, o exercício de escrever foi tomando outra dimensão. Nesta época, em meados de 2015, mergulhei fundo em uma nova faceta profissional: a militância e o compartilhar das minhas experiências de trabalho com outras (os) profissionais, através de atividades da Comissão de Psicologia e Política de Assistência Social do Conselho Regional de Psicologia de Minas Gerais – CRPMG, comissão da qual faço parte como colaboradora, atuando como co-coordenadora na região Centro-Oeste de Minas. A partir desta atividade, fui chamada a expressar meu modo de compreender os processos de trabalho e atuação das profissionais do Sistema Único de Assistência Social (SUAS). E a partir deste “chamado”, surgiu o desejo de dedicar-me à escrita das minhas vivências profissionais.
Concomitantemente, em contato com a psicóloga Rozana Fonseca, criadora e editora do Blog Psicologia no SUAS, surge o desejo e a ideia de colaborar naquele Blog com textos mensais sobre assuntos relacionados ao exercício da Psicologia na Política de Assistência Social. E assim iniciou-se, para mim, uma nova jornada, que inaugurou uma nova relação com a escrita. A escrita passou a ser ponte. Ponte entre mim e meus sentimentos, conhecimentos, reflexões e compreensões relacionadas ao meu fazer profissional. Ponte entre mim e outras profissionais (algumas das quais se tornaram amigas) no compartilhamento de experiências, anseios, angústias e projetos. A escrita se tornou sinônimo de conexão. Através dela, me conecto comigo mesma e com o mundo.
E como toda ponte, me possibilitou atravessar caminhos desafiadores, expandindo meus horizontes, e me proporcionando atuar na construção de materiais importantes para o trabalho das equipes do SUAS. Foi pensando em construir novas pontes que surgiu o desejo de criar este espaço, pretendendo fazer dele lugar de partilhas. Partindo do SUAS – que é onde esta luz se acendeu – mas voando também em outras direções.
De forma bem mineira, para dar destaque às minhas raízes, pretendo debruçar-me sobre temas que me são caros, como: relações empáticas e dialógicas; o exercício da Psicologia comprometida ética e socialmente com a defesa da democracia e garantia de direitos; a prevenção e o enfrentamento das violências; entre outros. Além disso, pretendo também tecer outras prosas, que me permitam não levar a escrita tão a sério. Compartilhar temas da vida. Da minha vida que se enlaça em outras vidas.
Continuarei também escrevendo em outros espaços, como no maravilhoso Psicologia no SUAS. E também pretendo convidar um “povo bão” para escrever umas linhas por aqui. Cá entre nós, não são os laços de afeto que justificam a vida?
Oficialmente, O Cá entre nós, Psi! chegou. Puxe a cadeira, pegue sua xícara de café e venha ler as histórias que vou contar por aqui e contar as suas também. Tenho certeza que a prosa vai ser boa!